quarta-feira, 28 de março de 2012

BLOGAGEM COLETIVA: BILINGUISMO NA DINAMARCA



 Hoje o tema da blogagem coletiva muito me interessa. Ainda que não veja ouça na prática, o bilinguismo é tema mais que recorrente nas conversas, já que me meti numa verdadeira torre de Babel. Sou brasileira, casada com um sueco e moro na Dinamarca. Trilinguismo, quem sabe.

Valorizo demais meu idioma, acho a sonoridade bonita, tem complexidade (quando falado corretamente). O sueco também acho bonito, a cadência é o que mais me agrada, é super musical. Já o dinamarquês...aiaiai!

Uma dúvida que as pessoas sempre tem com relação à nacionalidade da Katarina: É brasileira? Sueca? Dinamarquesa? Eu sempre falo sueco-brasileira, ainda que seu passaporte e certidão de nascimento digam somente sueca. É que como moramos na Dinamarca, é mais fácil ser sueca, para não precisar pedir residência e passar por todas as outras burocracias que eu mesma tive que passar. Ainda que nascida em Copenhague, ela não é dinamarquesa, que é um país Jus Sanguinis e não Jus Territorialis (Nguyen, beijo pra você :), como o Brasil. Nem eu nem meu marido somos dinamarqueses, logo Katarina também não é. E me parece que terá somente nacionalidade sueca, já que a Suécia não reconhece dupla cidadania. Mas não tenho certeza disso, ainda tenho que confirmar.

Enfim, temos pelo menos 3 línguas que estarão dançando nos ouvidinhos da minha menina: português, sueco e dinamarquês. 

Em casa, meu marido e eu só falamos português (ele é um geninho que fala 6 línguas), mas com ela tem falado muito sueco, naquele método OPOL (one person one language-uma pessoa uma língua), para ela associar mais fácil e ter fluência nos idiomas. Eu só falo português com ela, óbvio. De vez em quando, para desgosto dos meus sogros (sinto que os escandinavos tem um forte instinto de sobrevivência da língua e cultura deles, já que eles estão isoladinhos e fechados lá no Norte do mundo), ele fala português com ela também. Eu acho que tudo bem, ela ainda tem só 3 meses e não gosto de nada muito amarrado, cheio de regras.

Já estou me abastecendo aqui de livros e CDs brasileiros, afinal também tenho meu instinto de sobrevivência da minha raiz. Lá na Dinamarca não tenho ninguém, tudo que me é familiar está muito longe, então prezo ainda mais o português.  ELA VAI FALAR PORTUGUÊS com sotaque paulistano, ou não me chamo YARA! Ha!

Sueco vai ser fácil para ela também, toda a família sueca tá ali do lado. Dinamarquês vai ser na escola. Meu marido e eu nos eximimos desse compromisso, já que a língua dinamarquesa é um tanto...um tanto...complicada e de sonoridade impossível de ser reproduzida por pulmões/esôfagos brasileiros e suecos. A gente pode chegar perto, mas o sotaque é fooooorte! Dinamarquês faz o alemão soar romântico.

Na Dinamarca, que é um país pequenininho, o inglês é fundamental, afinal, somente eles no mundo falam a língua (e mais um gatos pingados nas Ilhas Faroé). Muito fácil se comunicar em inglês no país todo, de crianças à idosos, todos falam, são raras as exceções. Além do grande número de imigrantes que vivem no país. Aliás, um pequeno adendo aqui, ouvi dizer que as escolas suecas oferecem um professor na língua materna dos imigrantes, mas não sei se devido ao grande número de imigrantes na Dinamarca isso também acontece, ou se já pesou demais no bolso do governo. Então, dinamarquês e inglês na escola, sueco e português em casa. Com ênfase no português, por puro capricho meu! 

Brincadeira, não é capricho não, mas tratamento com filho ou qualquer outra criança cuti-cuti é sempre na língua materna, não é?  Afinal, "ai que bichucrinha da mamãe" soa muito mais legal do que "hvor søde" ou qualquer outra coisa em viking. Hehehehehe! Embora "sötnos" é divertidinho, devo admitir.

O português fluente vai servir para manter e estreitar o relacionamento dela com minha família, porque a gente sabe que nem todo mundo aqui no Brasil fala inglês, né? Mesmo que os brasileiros de desdobrem em 4 para entender os gringos (coisa diferente de lá, onde maioria das pessoas simplesmente te ignora se sua pronúncia não for perfeita)*.
 E ela que se prepare para férias prolongadas em terras tropicais, entendendo que "meu" não é só pronome possessivo mas também um vocativo; que "cara" não é só rosto e assim por diante.


*jeg elsker danmark og det danske folk. 





Um comentário: