quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

AMAMENTAÇÃO


AMAMENTAÇÃO
Esse foi um assunto lido por mim durante a gravidez, mas um pouco ofuscado pelo tema parto. Imaginei que não poderia ser tão difícil assim. Afinal de contas, nós mulheres fomos projetadas para amamentar nossa cria. 
Toma, tchonga!
Antes tivesse prestado mais atenção. Aqui a famigerada culpa de mãe apareceu. 
Logo depois que a  Katarina nasceu, consegui amamentar. Ainda que por poucos minutos. Algumas horas depois, já na sala de recuperação, ela ficou inquieta demais, pegava e soltava, apertava com muita força, pegava errado de novo e chorava mais ainda. Para me ajudar, a enfermeira deu um daqueles nipple shields da Medela. Katarina mamou mamou mamou e não senti dor alguma. Mas o uso daquela proteção de silicone faz com que o seio não seja estimulado como deveria, diminuindo a produção de leite. Então fui instruída a tirar leite com a bomba após cada mamada, enquanto fizesse uso da proteção.
Viemos para casa, tentei amamentar sem a proteção, mas não tinha jeito de fazer a Katarina pegar. Ela chorava de um lado, eu do outro. Ela de fome, eu de frustração.
Volta o nipple shield.
E assim fomos por mais de 1 mês. Katarina acordava de 3 em 3 horas para mamar, depois eu usava a bomba para estimular. Não queria dar LA de jeito nenhum. 
Cada mamada era um pesadelo. Dor, inchaço, choro (de nós duas),  frustração, cansaço...
Tudo o que eu queria era que o peito fosse transparente e com as risquinhas de marcação em ml, para saber o quanto ela mamava. Achava que assim me daria maior tranquilidade. Não conseguia tirar muito com a bomba...uns 50 ml por sessão. 
A midwife/consultora de lactancia veio para o primeiro acompanhamento em casa (uma vez por semana no primeiro mês, depois as visitas são mais espaçadas) e viu que Katarina crescia muito bem. Pouquíssimas vezes fiz o uso da fórmula. Só quando necessário mesmo eu complementava. 
4.600 kg e 55 cm. Ela crescia muito bem com meu leite! 
No dia 27 de dezembro minha mãe voltou ao Brasil e no dia 02 de janeiro meu marido voltou a trabalhar. Então era eu e Katarina em casa. 
Minha filha tem um timing incrível, então parou de acordar de madrugada. Mamava de 3 em 3 horas das 7 da manhã até as 23 horas. Dormindo a noite TODA-A! (não vou me gabar muito, tenho medo de gorar essa maravilha). Nem fui eu que impus essa rotina, Katarina que deve ter me ouvido ler Tracy e resolveu obedecer. Por  mim seria chorou, mamou. Mas estar sozinha com ela em casa significava ficar com ela uma hora pendurada no peito, chorando, mamando um pouco, chorando mais e me deixando 10 anos mais velha a cada mamada. Depois colocar para arrotar, trocar a fralda e fazer dormir, para então eu poder tirar leite. Como não sabia que ia ter que fazer tanto uso da bomba, comprei uma elétrica da Philips Avent, mas single. Isso quer dizer que cada sessão demorava 40 minutos. 20 de cada lado. Depois lavar e esterilizar. Quando conseguia terminar tudo, já tinha chorinho de fome de novo.
Comer, limpar a casa, tomar banho e outras coisas não urgentes tinham que esperar. O stress aumentando e o leite diminuindo.
Outra visita da midwife. Ela me sugeriu tentar 2 dias de só amamentação. Na cama! Revistas, chás, filmes, Katarina e eu. Parecia bem legal, mas tinha uma pegadinha. Era para tentar sem o nipple shield, para estimular corretamente e quem sabe diminuir o uso da bomba.
Fui para a cama, sofá, cadeira de balanço,  pro chão, em pé, parada, andando, dançando, saltitando, girando, com musiquinha, sem musiquinha e nada. Eu tinha quebrado a menina! Só pegava com o protetor!
Eu estava tão cansada, nervosa, brava, triste que achei que fosse desistir. Mas eu queria muito amamentar. Odiava quando tinha que  usar LA.
Resolvi usar a bomba a cada 3 horas e dar esse leite na mamadeira. 
Ela mamou bem, não chorou, eu não chorei. Foi um dia bonito. 
Mas e o vínculo? Não é só do leite que ele precisam, é o contato com a mãe. 
Fiquei me sentindo culpada. Mãe incompleta.
Tirar leite me fazia uma mãe pior?
Acho que não.
Então eu comecei a relaxar, o leite começou a aumentar, os choros a diminuir (da Katarina) e procurei mais informações sobre expressar leite. 
Achei muitas māes que fazem o chamado EXCLUSIVE PUMPING, ou seja, nós que retiramos o leite com  a bomba e usamos a mamadeira. Eping moms! Mas ainda nāo tem muita coisa na internet nem em livros. Normalmente uma capitulinho ou um artigo sem vergonha por aí.
É bem chato ser uma eping mom.  A gente não faz parte do clubinho das mães que dão peito nem das mães que usam fórmula. Se perguntam se eu amamento eu digo sim, mas com a mamadeira na mão é mais complicado explicar. Como eu li em algum lugar: “yes I breastfeed, but my baby is getting it to go!”. Sim, amamento, mas o leitinho dela é para viagem. Além das perguntas idiotas do tipo :
-Ai, por que você nāo DEIXA ela mamar no peito?
Te juro que não é porque gosto de acariciar a cabeça da bomba.
Quase morro quando ouço isso. Claro que seria mais fácil se ela mamasse no peito! Nada de ficar controlando no relógio quando vai ser a próxima sessão, nada de bomba para lavar, esterilizar e montar, levar a bendita para passeios mais longos que 3 horas (nem sempre sou tão disciplinada), enfim, mas ainda acredito que valha a pena o esforço. 
A minha sorte é que amamentação é suuuuper valorizada aqui na Dinamarca. No norte da Europa em geral. Li que na Noruega é onde as mães amamentam por mais tempo. A recomendação aqui é aleitamento materno exclusivo até no MÍNIMO o sexto mês. 98% das mães saem do hospital amamentando e continuam até pelo menos o quarto mês.
O que as mães que amamentam precisam é de apoio. Não ajuda em nada ouvir o tempo todo que com o uso da bomba o leite vai secar, ou vai dar mastite, ou que simplesmente não vamos aguentar o tranco. A Helle, consultora de lactancia que me acompanha disse que se eu conseguir os 6 meses serei a primeira que ela já acompanhou, mas que tem uma espanhola fazendo a mesma coisa. Deve ser a fibra latina! Ela me dá muito apoio, acha até que consigo continuar por mais tempo, mesmo depois da introdução dos sólidos. É difícil mas não é impossível.
Algumas coisas têm me ajudado nessa jornada:
  1. Apoio do meu marido. Quando ele está em casa, ele fica responsável por dar mamadeira, trocar fralda e atender aos chorinhos da Katarina.
  2. Comprei outra bomba. Assim posso extrair leite dos dois lados ao mesmo tempo, cortando o tempo de extração pela metade.
  3. Um soutien da Simple WIshes, para “bombar” hands free! É meio esquisito, mas vale a pena.
  4. A técnica da geladeira. Só enxaguar a bomba depois de usar e deixar na geladeira até a próxima extração. Lavo vez sim outra não.
Ainda que eu sinta a produção de leite mais estável, vivo achando que posso aumentar a quantidade. Tenho feito tudo que li por aí. 
-Canjica
-Chá da mamãe da Weleda, ou outro chá de amamentação, porque normalmente contém as mesmas ervas.
-Água de cevada. Não é disfarce para cerveja, minha gente! Compro as pérolas de cevada e deixo de molho na água durante uma noite. 
-Muita água. Mas nem tanta. Água demais pode acabar com sua produção. Aquela média de 6 a 8 copos por dia.
-Comprimido de cálcio com magnésio, para facilitar a absorção. Especialmente se já tiver menstruado!
Até hoje não tive maiores problemas. Espero continuar assim. Claro que nos dias de maior stress o leite diminui mesmo. Noto a diferença no final de semana, pelo menos 30% a mais de leite por sessão, porque meu marido está em casa e posso tirar leite quando quiser sem me preocupar com outras coisas.
Ah, naqueles dias que não consigo tirar pelo menos 5 vezes, faço o power pumping. Durante uma hora, tiro leite em intervalos de 10 minutos. É legal fazer isso uma vez por dia durante uma semana, ou várias vezes no dia por uns 2 dias. Não tiro leite durante a madrugada, porque se estiver muito cansada a produção cai. Prefiro tirar 5 vezes ao dia, normalmente a última sessão fica lá pelas 23h, meia noite.
 preparada para mamar!
 gênio segurando a mamadeira sozinha
 crescendo muuuuuito
desmaiada depois de mamar meu whisky com leite

6 comentários:

  1. aii que bebê gênio segurando sozinha a mamadeira...deve ter puxado tanta inteligência da tia...só uma suspeita!

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  2. Ai amiga.. cada mãe é uma mãe e cada filho é um filho mesmo!!! Vc preocupada que a Kata só pega mamadeira e eu preocupada que o Fê nao pega ela de jeito nenhum! O importante é se adaptar e fazer o melhor para eles e isso deu para ver que vc já está fazendo! Nasceu a Kata e junto com ela uma mãezona dedicada! bjs

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    1. Obrigada, linda! Estou chegando aí dia 04 de março. Temos que nos encontrar para tricotar mais

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  3. Adorei o blog, parabéns!!! Meu filho está com 9 meses e come de tudo, mas ainda mama no meu peito. Tive algumas dificuldades e vi como pode ser realmente difícil para algumas mães. Muito legal vc estar conseguindo fazer isso por ela (e por vc tb, afinal o aleitamento tb é ótimo para a mulher, evitar câncer de mama etc.). Parabéns, e tenha força, que vale a pena!!! Só uma coisinha, isso de não beber muita água para não diminuir a produção eu acho que é mito, eu bebo uns 4 a 5 litros de água por dia (desde sempre, sou uma pessoa que tem muita sede, hahaha) e tenho bastante leite. Acho que vc pode beber tanta água quanto sentir necessidade. Um beijão e boa sorte!

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    1. Obrigada! É isso mesmo, beber quando tem sede, porque cada organismo funciona de um jeito. O que nao funcionou comigo foi beber mesmo qndo nem tinha sede, daí só i xixi aumentou, o leite necas!
      Bjoes!

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