quarta-feira, 12 de setembro de 2012

EDUCAÇÃO (falta de)

Ontem li um post sobre educação, ou na verdade, a falta dela. Tirando a parte de deus e fé (porque mesmo sem religião as pessoas podem ter valores, correto?), o texto foi interessante. Depois, por acaso, assisti ao filme Detachment, que fala também sobre educação nas escolas. Ou de novo, a falta dela nas escolas.


A gente sempre ouve um "ah, na minha época ninguém falava assim com professor." Mas convenhamos, antes às escolas cabia o papel de ensinar o currículo, não educação. Escolas são instituições de ensino, não de educação. Óbvio que civilidade e alguns outros valores serão ensinados na escola, já que é lá que passamos boa parte das nossas vidas, mas esses valores já devem vir de casa. 

Alguns pais delegam às escolas TODA a educação dos filhos, e exigem os resultados, ainda mais quando pagam mensalidades exorbitantes. É a educação como produto que os pais compram, não se trata mais de pais/alunos e professores, mas de clientes e provedores de serviço, daí a falsa ideia que os pais tem de exigir que a escola cumpra aquilo que não é nem nunca foi seu papel.

Aqui em casa eu vivo num dilema: colocar ou não a Katarina na escolinha. Na Dinamarca, a idade mínima para a criança ser aceita na escola é 9 meses, a idade da Katarina agora, mas o mais normal é que os pais coloquem as crianças com 12 meses. 
O dilema existe por conta de uma indecisão minha, sobre voltar ou não a trabalhar fora. Mas de qualquer forma acho muito cedo colocar na escolinha. Porém ainda que eu não volte a trabalhar, preciso fazer alguma coisa que não envolva maternidade, como estudar alguma coisa, que ainda não sei o que. Complicado, né?

Quanto às escolas, gostaria muito de colocar a Katarinha numa Waldorf ou Montessori, mas vamos ver quando a hora chegar, se chegar.

Voltando ao filme Detachment. Se tem uma coisa que o filme me fez pensar foi: JAMAIS QUERO SER PROFESSORA! Mas tenho um respeito enorme por quem tem aptidão para isso, afinal de contas, além de ser uma das profissões mais nobres, tem que ter estômago para aguentar o sistema educacional no estado em que se encontra, não? E detesto essa demagogia de elogiar os professores e não ter o mínimo respeito por eles, isso sem nem entrar no mérito do salário miserável. E deve ser uma das profissões mais gratificantes. Sabia que no Japão os professores são os únicos que não precisam se curvar diante do imperador? Porque numa terra sem professores, não pode haver imperador. Sempre gostei dos japas...


A falta de respeito com os professores extrapolou a linha das caras feias, respostas atravessadas e caricaturas na carteira, chegando à agressão física. Meu marido me disse, se preparem para o absurdo, que houve um caso desses na Suécia, de professor agredido por aluno, e decidiram que nada podia o professor fazer, que a profissão de professor o sujeita a isso. Isso na Suécia, hein?! Mas meu marido sempre diz que acha que os jovens brasileiros tem mais respeito aos mais velhos, que os suecos são mais bocudos. Não sei se posso concordar, já que houve casos de agressões a professores no Brasil também. Mas nunca presenciei, nem no colégio público nem nos privados nos quais estudei.

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Meu maior medo depois que me tornei mãe é de que a Katarina faça escolhas erradas, dessas que machuquem ela mesma e outras pessoas. Me dá arrepio só de pensar nela sendo parte de alguma panelinha que rejeite outras crianças. Eu fui parte do grupo rejeitado, nunca da panela maldosa, e acho que assim foi melhor, porque nada é tão terrível quanto consciência pesada. Sempre que falo mais grosso com minha mãe fico me corroendo de culpa depois, e é horrível! 

Por enquanto vou explicando para a Kata sobre boa conduta. Talvez que ela não entenda as minhas palavras, mas tenho como certo que ela absorve o conceito de alguma forma.


8 comentários:

  1. Eu também acho cedo pra escolinha. Muito bom o texto. É engraçado como as coisas mudaram né?

    Quanto já ir ensinando, acho muito importante. A criança aprende desde cedo.

    Bj, uma graça seu blog!

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  2. Eu, hoje escolhi essa profissão pra mim, e vou dizer que amo o que faço, e olha que tem dias bem cansativos, difíceis, vejo e confirmo cada dia mais que educação vem do berço, como dizem. Lá na escola a gente vê de tudo, crianças educadas, crianças que vem já de casa com os valores e crianças exatamente assim, aos cuidados da escola, a escola é cara, ela que eduque... Hoje sei que encontrei a profissão certa pra mim e sei e vejo que é de pequeno, assim mesmo mesmo sem falar é que se cristalizam valores, educação e respeito naquele futuro adulto. Tá certissima em já incultir esses valores pra Kata, mas tb acho mto novinha pra já ir pra escolinha...ainda tenho mto a aprender e pesquisar sobre o assunto. Fiquei interessada no filme! Adorei o post! Beijos

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    1. sigo tentando incutir os valores, vamos ver se ela absorve! O filme é mto bom!

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  3. Nao imaginava que por aí havia esse desrespeito com os professores tb... Que coisa!
    Amo seu blog, mamadakata!

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    1. Pelo visto desrespeito existe no mundo todo, infelizmente!
      Obrigada pela visita e pelas palavras!

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  4. Hoje eu acho que educação não tem nada a ver com escola, sabe? Afinal, queremos educar nossos filhos, ou queremos que sejam educados, para exatamente o quê? Já ouviu falar de desescolarização (unschooling)? Tenho lido à respeito. João só foi pra escola com 6 ~ 7 anos (idade obrigatória no Brasil) e penso em fazer o mesmo com o Teo, no mínimo. E aí é repensar tudo, né, outros sistemas de tempo, de atividades, de papéis individuais... Uma grande aventura. :)

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    1. Oi, Fe! Tenho lido sobre desescolarizaçao tb, me parece bem atrativo. O que me preocupa mesmo é o aprendizado do dinamarques...esse vai ter q vir cedo, nao sei como se ela nao for a escola..

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